Um Tanto do Chá P.2

Posted: 31 de mai. de 2011 by leo in Marcadores:
4


O Vencedor


O Vencedor é daqueles exemplares que são feitos exatamente pra arrebatar diversos prêmios na temporada de ouro de Hollywood e ao me ver esse foi o seu objetivo (bem sucedido até),da primeira vez que conferi passou despercebido,mas ao ser assistido pela segunda vez,o filme toma força maior,se tornando um maduro drama familiar.O roteiro de Scott Silver,Paul Tamasy e Eric Johnson juntamente com a direção de David O.Russell permanecem numa linha tênue de simplicidade,sem tomar grandes riscos,mas sem nunca perder o ritmo,mas a força do filme se torna ainda maior quando nos deparamos com o poder de seu elenco.O limitado Mark Whalberg tem uma boa atuação mas infelizmente não se sobressai quando se compara com seus colegas de elenco,Amy Adams novamente faz uma coadjuvante perfeita,uma figura forte e temperamental,Melissa Leo (vencedora do Oscar pelo papel) faz a verdadeira personificação de mãe superprotetora e até egoísta querendo toda atenção do personagem centro pra si,performance incrível,mas não era essa mãe superprotetora que merecia o Oscar e pra terminar o extraordinário Christian Bale em mais uma personificação por completo,genial como Dicky Ecklund e sua cena final é um dos ápices de sua carreira.Ótimo filme que o próprio boxe acaba se tornando coadjuvante,recomendo.


Namorados Para Sempre


Inicialmente,devo declarar novamente o meu descontentamento com a tradução pavorosa do filme,dando uma idéia absurdamente errada e pior,um filme com esse nome lançado justo na semana do dia dos namorados em circuito nacional é querer muito enganar trouxa.O filme trata de uma forma pesada e crua,o desgaste de um relacionamento,mas de forma criativa e extremamente verdadeira.Um roteiro forte,onde mostra os extremos de um relacionamento,uma direção segura do iniciante Derek Cianfrance,trilha sonora extraordinária e fotografia simples e belíssima de Andrij Parekh.A química entre o casal de protagonistas é genial,que se mostra ainda mais eficiente pra todo o decorrer da trama,ambos encarnam de forma sutil e arrebatadora ambos personagens,Michelle Williams sempre convence com a simplicidade,nunca deixando a desejar e sempre mantendo a regularidade incrível e chega a ser complicado dizer que Ryan Gosling possui a melhor atuação de sua carreira,mas que essa é a melhor atuação do ano (em circuito nacional,ao menos) isso sim é.Namorados para Sempre é um filme arrebatador e como já disse,nada daquilo que o título nacional deixa entender,forte,pesado e necessário.


Biutiful


O novo filme de Alejandro Gonzalez Iñarritu sofre do mesmo mal de Babel,é um filme bem intencionado onde o roteiro acaba se enrolando por si só e apresenta certas situações de forma inusitada e algumas coisas ainda ficam subentendida,a vantagem que Babel tem sobre Biutiful é que no primeiro alguma subtrama ao menos se mostra interessante,diferente desse,onde tudo se mostra desinteressante,tanto atrapalhado pelo ritmo (coisa que normalmente não me incomoda) e pelo interesse do roteiro de evidenciar certos pontos que não tem importância no decorrer do filme.
Entre os atributos técnicos temos trabalhados caprichadíssimos de Rodrigo Prieto na fotografia e a trilha sonora do sempre ótimo Gustavo Santaolalla parceiro constante dos filmes de Iñarritu,conhece perfeitamente o clima de todos os seus filmes.Em meio a tantos defeitos,o filme basicamente se segura nas fortes atuações,começando por Maricel Álvarez que tem uma performance ótima como Marambra,a bipolar ex-esposa de Uxbal e Javier Bardem (ator que é perigoso apontar sua melhor atuação) novamente atuando incrivelmente bem,consegue transmitir todo o cansaço e sentimento de culpa constante que Uxbal leva,merecido prêmio de Cannes.Biutiful é um mais um filme superestimado de Alejandro Gonzalez Iñarritu.


O Vencedor (The Fighter,David O.Russell,2010) 9/10
Namorados para Sempre (Blue Valentine,Derek Cianfrance,2010) 10/10
Biutiful (Idem,Alejandro Gonzalez-Iñarritu,2010) 6/10

Um Tanto do Chá P.1

Posted: 18 de mai. de 2011 by leo in Marcadores:
6

Ultimamente,a preguiça é a palavra que comanda minha vida como vocês bem percebem aqui pelo blog,mas irei tentar adotar o esquema da praticidade e postar comentários sobre vários filmes em tiras,então,vamos aos trabalhos

Cópia Fiel


Cópia Fiel é meu tipo de filme favorito,me faz ir longe,refletir e se torna memorável a cada minuto que se passa após o término do filme.O roteiro se trata de um constante exercício de percepção,nos faz questionar se todos aqueles diálogos são reais ou se os personagens estão se apossando de alguma história alheia e mesmo com a resolução do filme,tenho minhas dúvidas.Abbas Kiarostami faz um trabalho maravilhoso na direção,roteiro afiadíssimo e um uso perfeito do cenário deslumbrante.As atuações são impressionantes,William Schimell é contido e sério na medida em que seu personagem necessita e Juliete Binoche tem uma de suas melhores atuações (parece mentira dizer isso),numa performance simbólica e marcante,permanecendo numa linha de mulher forte com fragilidade feminina,uma obra prima.


Reencontrando a Felicidade



Há um bom tempo atrás (provavelmente quando saiu release do filme) um seguidor que tenho no twitter disse que John Cameron Mitchell era admirador de fluídos corporais (pra ser mais específico @_Luiz_s) e eu concordo,a melhor parte de ele ser admirador desses fluídos é que ele os usa de forma inteligentíssima,sem que se torne extremista ou melodramático,é o que acontece em Reencontrando a Felicidade.O melodrama existe,mas isso não quer dizer que seja algo ruim,o melodrama é realmente necessário pra encarar o tipo de situação que Becca e Howie enfrentam.Tudo funciona com coerência no filme,trilha sonora contida e que mostra presença,fotografia tímida mas precisa e um elenco afiadíssimo.Enquanto todos coadjuvantes conseguem se sobressair perfeitamente,destaco Sandra Oh (por sinal,merece muito mais reconhecimento que possui) e Dianne Wiest que sempre ao seu modo consegue ser impactante e persuasiva.E pra todos aqueles que achavam que Nicole Kidman não tinha volta,ela dá tapas na cara com luvas de pelicano,entregando performance que não deixa nada a desejar aos seus tempos de ouro,Aaron Eckhart atua no mesmo nível explosivo e impressionante de Kidman,pena que não teve o reconhecimento merecido,belissimo filme que merece a recomendação.


Além da Vida


Assim que o filme foi lançado vi diversas pessoas o nomeando como o "Nosso Lar" do Clint Eastwood,na minha opinião vai muito mais além,uma viagem emocional tanto para os protagonistas quanto pra quem assiste e se envolve nas histórias dos personagens centro.O que muitos acham algo chato,maçante e longo demais,a cada minuto de filme tudo aquilo se torna crível.Direção impecável do sempre ótimo Clint Eastwood (que desde Menina de Ouro não me agrada tanto),efeitos visuais estritamente bem utilizados e sutis (a não ser quando se trata da cena inicial) e performances perfeitas para o tipo de cada personagem,destaco a pequena e impressionante participação de Bryce Dallas Howard.Além da Vida é um filme que infelizmente ainda precisa ser descoberto,um filme para se sentir.


Cópia Fiel (Abbas Kiarostami,2010) 10/10
Reencontrando a Felicidade (John Cameron Mitchell,2010) 9,5/10
Além da Vida (Clint Eastwood,2010) 10/10